Voltei para um lugar repleto de lembranças boas e péssimas, pessoas , lugares que por 6 anos não visitava.
A principio, torturada na véspera da viagem, como se estivesse indo para o abate, com o mesmo sentimento que eu tinha na véspera de uma prova de matemática – um misto de impotência com um grande desagrado em ter que fazer uma coisa odiosa e contra a vontade.
Lá fui eu. Cheguei no aeroporto, aluguei um carro e peguei sozinha aquela estrada que eu sei décor.
Apos uma hora de viagem começo a avistar a paisagem periférica da cidade, e o mar de cana que substituiu a agropecuária. Não tem mais um Nelore no pasto, só cana.
Chego e mergulho de cabeça no trabalho; me sentindo mais confortável, olho aquela cidadezinha com nostalgia, não com saudade; na realidade nunca gostei de morar lá, mesmo que na época não soubesse.
A redenção começou quando fui visitar as pessoas queridas; abracei, chorei. Lá no meio do sertão, com o chão de terra embaixo dos pés, a chuva caindo. O trauma, o soco é tão grande que a gente corre sem olhar para trás, sem olhar quem você deixa, e que fez parte da sua vida, e de um modo quase espiritual sempre fará.
Saí de lá em 2006 magoada pra caralho. Traída , cansada, sem perspectiva e vendo 8 anos da minha vida ruírem, tudo que construí ruiu – casa, família , casamento e amigos. Só no mundo e voltando pra casa dos meus pais com 30 anos.
Gente que se mata, eu sei porque se mata. Porque o sentimento de dor e merda e perda e tudo é tão grande que a pessoa se mata. Morre, se enforca , corta os pulsos. E fiquei com dó de gente que se mata, porque voltando pro centro do furacão agora em 2012, eu vi que é igual a musica: “ tudo passa, tudo passará, nada fica, nada ficará”, e a máxima é: o tempo cura tudo. Cura, cicatriza, pode não passar por completo, mas muda. A gente muda.
Tudo pelo que eu sofri se acabou. Emprego, casa, status, tudo se acabou. A casa que eu vivia foi alugada. A casa que foi motivo de tanta inveja, tanta briga; o emprego faliu, todos correram; status? O que é isso mesmo?
O que importa é o abraço dos amigos, o olhar de amor, a saudade sincera.
De 8 anos que eu vivi ali, visitei apenas 3 pessoas. E o abraço delas, a lembrança dos pedacinhos de vida que vivemos juntos acalmou meu coração e me fez sentir muito agradecida por ter voltado.
E muito agradecida estou tambem por saber que tomei as decisões certas, e não fiquei lá pela casa, emprego e status. Fui embora viver a minha vida e levei o que mais importava : meus bichos. O resto é lembrança, história e tudo passa.
O amor, esse fica para sempre.